Arari no meu coração, aninga II

Ainda lembro quando à beira do rio ficava vendo aninga balançar

Escutava bem longe o grito da maré passar

No espelho d’água o rosto dela a contemplar

Arari no meu coração, pororoca a anunciar

Arrasta bancos, sobe a roupa, sai do peral

A roupa a enxaguar

Lembro-me da flor de mururu a anunciar
Lembro-me ainda da moça linda que eu via passar

Lá vem, lá vem, lá vem pororoca no nosso rio a arrastar

Do outro lado bate o vento nas aningas fazendo a sincronia desse lugar

Ah como eu ainda me lembro de tudo que aconteceu por lá

Lá do outro lado do rio, a sintonia perfeita das aningas a balançar

Pois Arari no meu coração, aningas

No meu coração, canoas, pescadores, pororocas…

E muitos meninos a se lambuzarem no esmeril ou lama visguenta

Tem gente que enche os olhos d´água ao se lembrar

Arari, águas de amor em mim

Em secas, cheias ou pororocas, não importa a estação

É amor no meu coração

No meu coração, aningas…

Nilson Ericeira

(Robrielle)