Decreto/degredo

Visto-me de esperança

Espelho-me no amor

Reflexos!

Ainda hoje, vejo-me correndo ruas

Pequenino, mas gigante

Como se não pudesse escapar um segundo da minha vida

Vivendo a vida intensamente

Sem posses, sem nada, quase nu

Contudo, vestido do colorido da vida

O sol, o céu, a lua, o despertar

Os dias…

Tudo muito mais bonito

A aurora, o esplendor do dia, a despedida, o ocaso…

O sol belisca terra é as águas do Mearim!

Entre folhas e galhos, solenemente se despede

Porém, hoje meu corpo se veste de saudade

Enquanto meu coração umedece

Meu olhos alagam…

Na sequidão do tempo, sigo em lembranças postas

O meu degredo é abstinência de amar

O meu decreto é o amor

Uma sentença sem partes, minha apenas

Por isso vivo a me buscar na fonte

Às vezes, estou, noutras, ganho asas e vou

Voo comigo mesmo em dilemas…

Passo das nuvens e tomo o céu…

Feito um passarinho…

Liberto das amarras que me querem impor

E prisioneiro de mim mesmo

Portanto, sou o meu paradoxo

Nilson Ericeira

(Robrielle)