
Andei sozinho em multidões…
Desbravei
Andei calado, falando só
Sozinho num cantinho
Tropecei muitas vezes
Andei…
Perdi-me em caminhos
Quase não voltei ao meu lugar
Chorei, mas tive vergonha de externar
Calei, solucei, sorrir, desfacei
A fome doía
Mas não o suficiente de me encostar
Um quarto vazio de gente era e é o meu deserto
Ah que angústia!
Lembro-me muito bem
Mas tudo leva crer que eu merecia o próprio cárcere
Aliás, muito mais nobre que eu
Joguei-me no mundo pensando que sabia tudo
Não sabia nada
Encontrei amigos e me juntei
Assim a luta não parecia solitária
Éramos nós
Poucos egoístas pareciam viver num mundo estranho
Certamente não viram Noé!
Ainda assim, não foi fácil
Nada é fácil quando se é iludido
Desapercebido das maldades do mundo
Todos os dias eram o meu princípio
Meu coração comandou o meu ser como se fosse meu único órgão
Desejei, apaixonei-me, sentir outras pessoas
Vi e sentir coisas que nunca passaram
E não passarão
Pois em mim, passarinhos
E assim vou seguindo
Tentando não me surpreender
Pois não há clichês na vida
Tudo é espontâneo e fortuito
Agora, para muitos, as rugas que carregam lhes dão leituras
Uns tradutores de verdades
Embasados em teses midiáticas
Tomara que não me julguem pela aparência
Mas que conheçam a fonte
Pois o que tiro de mim mesmo são retratos da minha vida
Como se fosse uma biografia em traços
Por isso viva grafando coisas
E se a minha alma não forma imagem
O meu ser compensa
Nilson Ericeira
(Robrielle)
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