
Arari, onde guardaram os meus brinquedos!
Hoje eu sair para me procurar
Escutei a voz de minha mãe me chamando
Meu pai me aconselhando, as pessoas conversando
Os carneiros de Dico Prazer desdenhando
Logo vi Zé Carlos de Marcelino passar…
E silenciei na harmonia de seu Bina tocando
Procurei-me no tempo de outrora tão presente em mim
E acabei percebendo que nunca sair do mesmo lugar
Vi-me correndo nas ruas virgens de Arari
Enlameando-me, lambuzando-me de um amor incessante
Marquei a hora de me encontrar com meu colegas de infância Tão lembrados na minha memória
Joguei peteca e tampinha no quintal do grupo
Vigiei seu Doca zelador
Acho que vivi na unção do amor
Sentir comunhão nas amizades de irmãos
Contei estórias na porta da rua, brinquei de tantas coisas
Estripulias em mim, contei estórias sem fim
Fui aos pátios jogar com nossas bolas remedadas pelo artista super-homem
Eu era amigo de um gênio de pernas tortas
Pedalei na nossa bicicleta velha e me exibir na rua!
Fui lá embaixo só para me mostrar
Escutei a voz de Arari anunciar os meninos de ouro da retórica local
Assistir a aulas do meninos do Grêmio e me espelhei neles
Escrevi com a caligrafia mais bela de Arari
Era aula do professor Rafael a professar
E me divertir com as prosas que o imortal Raimundo Ericeira contava
Ouvir pescadores de piranhas nas suas buzinas salvadoras
Pequei caniço e fui pescar
E como a Baixa dos Paus era longe!
Logo me deparei no Lago da vida que muito nos alimentara
Fui aos campos Grande e do Padre
Escutei Maisena anunciar:
‘Não percam hoje no Estádio Santos Dumont!’
Juntei a moeda para do reverendo desdenhar
Tive a minha iniciação e comecei a paquerar
A moçoila mais linda da rua que nem me via passar
Mas meu coração, taquicardias
Logo descobri que nunca sair desse lugar
Nilson Ericeira
(Robrielle)
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