Contos da noite ou insônia I

Contos da noite ou insônia I

Após tentar sem sucesso cair num mundo de esquecimento e até sonhar com o que jamais poderia se realizar na vida real, debruço-me sobre os impulsos eletrônicos para transmitir impressões minhas.

Como que um desvio de conduta, ponho em linhas tortas o incômodo de mais uma noite insônia, ao tempo em que teço impressões que tomara, alguém consiga ler até o fim.

E para piorar, da minha janela cibernética não vejo o mundo e nem mesmo interajo com quem me ajuda a me iludir de que tenho cifras nas letras e neurônio ativos, estabelecendo assim um diálogo que de alguma forma penso que nos têm aproximado.

São 3h de uma madrugada que se passa entre tantas outras que teci em minha vida, procurando casulo para minha matéria que de tão ambulante, torna-se frenética com ilações e devaneios de que me nutro para não ser tão simplório. Ah, mas se me fosse em outros tempos, daria cabo a equações indivisíveis e insolúveis só para provar a mim mesmo que não sou tão rude assim. Agora, apenas a sintaxe da vida e lides que nem sei se consigo conciliar.

Aos olhos piedosos e coração bondoso de nosso protetor Bom Jesus dos Aflitos (que se junta ao povo de ‘an-dor’ e aos fiéis para abençoar nossa gente). Imagino que meu dia que já se inicia a esta hora, será bem melhor que a noite se adiantasse para o acúmulo de uma outra que certamente virá. Enquanto isso, os galos de Arari inteira já tecem a manhã igualzinho idos tempos de criança. Assim sinto mesmo trancado no meu casulo, sinto o cheiro de um novo dia e o gosto de um friozinho que quebrara meus ossos rumo ao Lago da Morte, na companhia de meu velho pai que já ressona sem pelo menos se dá conta do precioso tempo e feitos que nos tornaram sarados para a vida.

Num outro fio tecido, a minha mãe se refaz de seu labor perdido em o sonho de sarar as feridas de seu amor maior, para que neste mesmo dia possa dá passos, amar e ensinar de como se deve fazer para radiografar os segundos da vida como se fora uma eternidade só para doar-se aos seus amores como se todos os dias fossem únicos e apenas dela: à sua maneira, com a sua simplicidade e com a sua braveza.

Já o meu irmão pequeno dorme igualzinho nas histórias de Robson Crusoé. Imagino assim: como estará o meu menino na sua outra morada uma vez que reside mesmo é no meu coração. Automóveis e gente já circulam e arranham o silêncio como que um prenúncio para um dia que, de quase todo o será poluído.

Então recolho-me ao meu cômodo, que me rejeitara durante noite inteira, na tentativa de uma reconciliação.