
Cicuta poética ou num banquete
Enquanto o tempo passa,
degusto a minha cicuta
Por vezes mais amarga que fel
Outras, doce como mel
Enquanto produzo cenários,
Ponho-te no meu coração
Esperando-me como a diva do além…
Pássaro no horizonte…
Ali, no céu da minha produção
A minha cicuta me sufoca
Mas me dá o néctar da vida
Dos dissabores que passo,
procuro o melhor
Ainda que me custe caro
Pois um ser mal acabado
Até tenho me acostumado com o amargo da vida
Uma vez que há prolatores de plantão
Afoito a julgamentos sem nexos
Desconexos, enfim
Senhores, eu sei que ninguém se importa,
mas a cicuta corre no sangue poético
Queima meu corpo, separa-me da minha alma
E amarga na boca seca de esperas…
Ainda que noutra estação, alimente meus colibris
Ainda bem que me valho de letras
Ufa, que bom!
Igual um tecelão faz as suas peças
Um intelectual escreve sua biografia sem pretensões
Produzo-me fora da forca e com asas
Toco nas nuvens do céu e tento abrir as portas do infinito
Numa ilusão de ótica
Em que possa degustar do doce da vida
Porém, não me deixo enganar
A cicuta me é posta todos os dias
Desvio-me no meu cardápio de letras
Assim, alimento-me do néctar da vida
E rejeito o banquete dos hipócritas
Nilson Ericeira
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