Arari: o amor e o protesto

Arari: o amor e o protesto

Vertem águas nas cabeceiras

Descem o rio…

Alcançam o mar…

Sobem no céu

Pisam no chão

Nosso amor único no coração

A cidade: usada, vilipendiada, usurpada…

Às margens homens e mulheres

Às margens da lei

Sem Constituição

De um amor lá do íntimo

Que chega a ser paradoxal

Ainda assim, há quem surfe nessa onda

Na terra de arariboia, pororocas enfim

E de muitos carnavais

Enquanto o povo navega à deriva

Na crista da onda: ‘políticos’

Uns velhos, outro velhacos

Mas antes que a minha plancha fure

Ou que alaguem a minha canôa

E perca a hora da preamar

Pois o meu ser, vertigem

Da barreira revejo aninga balançar

Puxo água e meto remo

Pois chegou a hora de ancorar

Pois antes do ocaso, fico vendo mururu a admirar

Até que ‘meare’ em mim ondas de amor e protesto

Antes que alguém destrua esse lugar

Nilson Ericeira