
O milagre das mãos
Minhas mãos me auxiliam
Ensinam-me a caminhar…
E até a voar…
Por vezes me aprisionam na solidão
Com as mãos…
Eu estimulo os braços
Abraços…
As minhas mãos me colocam em posses
Tenho tudo e nada tenho
Até objetificam o amor que deveras sinto
Mas ainda assim, saciam-me
Eu degusto do toque do invisível, indizível, talvez!
Ainda que com impressão do volátil
Fazem-me acreditar no que não existe
Salvam-me da opressão
Confortam-me
Ainda que sirvam para tantas coisas
Contam meus dias…
Em segundos…
No tique-taque da vida
Acenam para o céu e me amparam do sol
Enxugam meu corpo e me molham
Ensinaram-me a escrever as primeiras letras
Teimam em fazer poemas
Calafetam meus dias todos os dias
Minhas mãos se estendem para agradecer
E abrem meus braços para te abraçar
Ah, mas era apenas uma ilusão
Mas eu sei que minhas mãos sem outras mãos
Seriam apenas simbologias
Nunca seriam correntes
Portanto, o milagre delas me põe em mundos
Elas mistura as cores da vida e me dão composição
Pretensiosamente acalantam o meu coração
Nilson Ericeira
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