Amor-deserto
Por que eu estive no paraíso
E nem por isto eu soube segurar
Eu tive tudo
E agora, deserto, desertos…
Por que será então o que não se explica
Replica em mim uma solidão imensa
Por que será enfim, o recomeço
E os desertos que se fazem em mim
É que às vezes não sei contar minha próprias histórias
Por mais reais que me sejam eu não consigo me lembrar
Então, nesse deserto de mim eu me ponho
E acrescento mais essa falta de compreensão e amor
O teu amor parece que me foi em vão
Em tempestades e ventanias, no meio do deserto
O que me deixou, o que me fez, talvez em vão
É que eu sobrevivo no deserto
Mas quem sabe um dia, num outro dia, noutro dias…
O sol se ponha bem defronte de mim
Em nascentes ou pontes vou semear o teu amor
E a iluminar, em areia quente, não importa
O que importa é outra vez te amar
Mas os porquês que eu não explicar
Estão em mim e no deserto que se fez
Talvez então, nada foi em vão
Melhor assim, outras sementes,
noutras estações
Nilson Ericeira
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