Um tecelão da vida

Um tecelão da vida

Assim vou tecendo a vida

A minha vida é puxar fios

Em instantes finjo não tecer nada

Mas estou tecendo lembranças minhas

Com isso, puxo a saudade!

E espicho do tamanho que suportar

Agora mesmo estou a tecer fios

Fios que cortam e ferem

Uns que curam e até restabelecem

Eu escondo os fios da dor

Pois sou um tecelão de letras

Um poeta ‘fingi-dor’

Agora puxo os fios das lembranças dela

Dou a forma de flor

Ponho folhas e botões

Pétalas e essência

Mas a melhor fico só para mim

É a lembrança de doer na alma

De quem um dia amei, amor e amarei

Acho melhor me aquietar

Porque senão eu perco a mão

E não acerto o ponto

E posso em lágrimas de saudade me afogar

Assim prefiro tecer a vida todos os dias

À solidão me acostumar

Por isso acho que isso é dor de quem ama

E gosto de se lembrar

Nilson Ericeira