Filhos, filhos meus não me sangrem
Não e explorem
Não me matem
Pois do meu solo, aparições
De mim viestes e a mim voltarás
Lembre-se que te dei tudo
Até mais do que merecias
Agora, vende-me, dilacera-me, entrega-me
Compra-me por alguns reais
Esnoba-me com teu despudor
Uns filhos tão ruins assim,
antes não tivesse parido
És tão ruim quanto suas crias
Mas imploro-te, deixe-me seguir
Não pise mais no meu chão
Pois há sangria no meu coração
Meu solo verte em chamas
A tua hipocrisia e corrupção me tem escravizado
A minha água, poluído
Os meus recursos em partição, surrupias
E, ainda assim, faz juras de amor!
Mas que estranho amor de quem mata
De quem me explora
E ainda traz uma gente vil,
Sem coração, sem pudor, sem amor
Embebedados pelo poder
Jogue então os teus dejetos na latrina
E lava a tua boca com creolina
Pois a tua alma, turva
Nilson Ericeira
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