A paz no porto…
Um dia eu sonhei
Sonhei que desci num porto
Desci num porto invisível
Projetei-me no tempo
Andei por todos os lugares
E onde estive,
não havia guerra
Havia uma legião de amigos
Faziam festas uns para os outros
Não havia falsidade
Os risos eram risos
Os abraços sentidos no calor da alma
As pessoas se amavam realmente
Os tiranos da guerra e da corrupção sumiram
Eu sozinho não tive solidão
Abracei-me com a minha consciência
Fiz-me meu juiz e tribunal
Fui absolvido pela minha solidariedade humana
E me intimei a continuar com o mesmo senso
Aos poucos, vi que o sol aparecia
Batia no meu rosto e fez do meu rosto sombra
A minha pele sentia o abrasamento
Como se no meu coração houvesse centelhas de amor e vida
E, então, abracei-me nas minhas convicções
Percebi que nada foi em vão
Até os dias de fomes me ajudaram a ser melhor
Minhas lágrimas viraram rochas de amor e fé
Minha saudade era a essência de um amor sentido
Mas era apenas um sonho
O tempo passou…
Aos pouco vi o sol se despedindo
E eu no meu porto fui ficando para trás
Quase no ocaso
Tentei ainda segurar a luz, o sonho…
Mas fiquei no meu porto sozinho
Vendo apenas os mundos idealizados na minha consciência
Nilson Ericeira
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