Veias abertas ou vida livre

Resta-nos
a parte e o todo

Aquilo
que não sabemos

O que
sentimos e o que não sentimos

Nossas
verdades, incertezas e negações

Tudo que
nos cerca e o que não compreendemos

Pessoas
e coisas que passam, que ficam e passarão

Eu passarinho
no meu mundo e nos que abstraio

Pedindo
coisas de que não me escuto

Falando
coisas sem ser ouvido

Silenciando
quando a dor de mim e dos outros me dói

Buscando
justiça como única forma de igualdade

E
liberdade com as asas de que disponho

E com os
instrumentos de que me disponho

Resta-me
muito e não me resta nada

Quando
no peito sinto amor não compreendido

E o que
me ofusca no ódio irascível dos outros

E tantos
porquês que na minha tenho

Sem me
indispor com quem não me enxerga

Mas,
sobretudo, distribuindo as sementes de que meu coração alegra

E sei que
o que me resta é tão pouco que não é capaz de me convencer de nada

Muito
menos que preciso voltar do meio do caminho

E se,
num único abraço que eu te der,

não
perceberes o que é o amor

Aguarde-me,
pois o meu coração é fonte

Nilson
Ericeira