O bicho homem II

Aos
poucos, em pequenos atos

Em
comportamentos

Em
desunião

Sequei
meu coração

Comecei
então, uma nova fase:

A
sequidão do meu coração

Daí
em diante estava a um passo da esterilidade

E
passei a não me importar com os outros

Passei
a sentir só a minha dor

Sequei
completamente

Em
mim só desamor

Aos
poucos não enxerguei mais o meu irmão

Não
lhe estendi as mãos

Tornei-me
indiferente, opaco e sem visão

Desci
ao fundo do poço pensando subir ao céu

Criei
muros entre mim e os outros

Andei
na contramão

O
meu egoísmo me contaminou completamente

O
meu ser: objeto

Sentir
solidão na multidão

Sentir
fomes com farta comida

Muita
sede e senso de juízo

Faltou-me
reservas de amor

Estéril
e indigente descaminhei

E
assim, ilhei-me no meu próprio ser

Tornei-me
um bicho no lixo

Ao
ponto de usar deus como escudo e verbo

Derrapei

Ainda
há os que me seguem…

E
me aplaudem!

 Nilson
Ericeira