Estrela cadente

A lua da
beira do rio

Vendo o
mato passar…

Entremeados
pela luz do céu em estrelas cadentes

Descendo
em águas que não voltam mais

Olhando para
o tempo

Absorto
e livre

Preso à nossa
pobreza material

Ali,
punha-me a sonhar

Aves de
agouro riscavam o céu

Os ossos
doíam

A
barrica denunciava

As
cambitas tremiam

Ainda
assim, o rio não sai de mim

Regato
que sou da sua existência

Na casa
velha, a prole em silêncio

O tabuleiro
velho, a tarrafa, o ‘cofo’

No céu,
relampejos clareavam o terreiro

Ouviam-se
barulhos na água

Ou peixe
de cria, ou ‘sucuruju’ do além

Acho que
mãe-d’água já há muito dormia

Lá longe,
o ronco das tabacas

E eu
moribundo a sonhar

Ao tempo
em que me encantava

Pondo o
começo e o meio no fim

Igual a
um fio do tecido da vida

Aqui
estou

O que
restou…

 Nilson
Ericeira