Um amor assindético e sindético

No
meu anátema virei metáfora.

Dei
o fora e fui à forra com meus opressores.

E
em anacoluto me deu um soluço,


de  ver tanta injustiça.

Mas
com esse paradoxo não concordo.

A
politeia era tão essencial, hoje é só banal, as bacanais.

A
politeia descarada.

Ou
melhor, panaceia.

Na
minha raiz, fiz-me de radical.

Felizmente
o meu sufixo é amar.

Amar
eternamente.

Ah,
ainda bem!

O
meu prefixo e sufixo é você.

É
que a forma desconforma.

A
estrutura é começo, meio e fim.

E
no meu crucifixo: Jesus.

O
meu predicado é você.

E
o meu sujeito simples e composto.

Minha
oração sem sujeito: é não ter você.

E
o indeterminado, não saber onde você está.

O
oculto também.

O
que faz, com quem anda…

Meu
verbo impessoal.

É
uma antítese, a síntese, eu sei, pois sou um plebeu.

Então
essa chama não para, a doença não sara.

Minha
parassíntese: amanhecer, renovação…

E
meu artigo sou eu.

Meu
substantivo concreto é você.

No
amor, abstrato.

Na
minha imaginação, coletivo específico.

No
meu coração, você um concreto fictício.

Mas
nas entranhas de mim, adjetivações! 

 Nilson Ericeira