Gestos de corações livres e sementes, muitas sementes…

            Quem ama cuida. Quem ama
nunca despre
za. Quem ama não nega cuidados às pessoas mais especiais de nossas
vidas. O tempo da ingratidão é tenebroso e reversível. Não há quem não seja bom
para os seus que pense colher bons frutos.
 
Para tanto, uma série de fatores influencia para que nos distanciemos
dos nossos idosos. Umas boas razões no trazem ao convívio deles. Penso que
ninguém abraça por telefone ou outra mídia. Eu já disse isso muito antes da
mídia chegar a essa expansão: presente, instantânea, real e sensacional, mas sempre
estéreo e ilusionista.

Muitos são os que estão
falhando com nossos idosos. Há fragmentos de ações, mas ainda há uma falta de
cobertura em todos os níveis de organização. A começar pela própria família que,
em vez de abraçar, desagrega e, quando faz questão, com raras exceções, mas tudo
o faz pela ação midiática ou pela satisfação que precisa dar. Entendo que um,
dois ou cem telefonemas nunca substituirão o abraço, o perto de mão, o sorriso,
o olhar, o carinho, os dizeres. Então, o telefone está tocando, mas quem é?
Quando você vem aqui? Carência meu amigo, carência de abraços, carência de
braços, carência de carinho. Todos precisamos de afeto, afinal somos seres gregários.

E até quantas lembranças
tenho que emitir para substituir meu corpo presente? Quantos dias, meses, anos
que não lembro ou mesmo vejo meus pais? Que de parceiros, amigos, protetores e
âncoras em nossas vidas se tornam ilustres, importantes desconhecidos.
Lembrados apenas por uma satisfação. Puxa se não me dessem pelo menos um adeus
seria demais! Então estou partindo meu filho, reserve-me a sua presença na
minha última morada!

Mas há nos corações dos nossos
idosos saudades não ‘ditas’, sentimentos reprimidos, pois mesmo reconhecendo
ausências, não deixam de considerar e amar os seus. Não raro, veem-se atitudes
de quem mesmo levando anos no abandono, ainda recebe quem o desprezou com
coração livre para amar. Ou não é assim? Mas esse jogo pode virá e muitas vezes
só depende de atitudes. Precisamos irrigar as sementes das boas relações,
principalmente se estes forem os que nos deram tudo: nossos pais. Devemos
semear em nossos corações muitas sementes. Muitas sementes!

O tempo é o pior inimigo
de quem se afasta das pessoas amadas e tão importantes na nossa formação. Oh,
tempo ingrato! Quantos já se foram sem um adeus. Quantos esperam de braços
abertos e coração palpitante pelo o abraço concili-ador. Quantos!

Em todos os lugares do
mundo temos que humanizar as nossas relações em qualquer tempo e em qualquer
idade. A melhor coisa que se pode fazer é cuidar da nossa gente. Quantos
sentimentos não são reprimidos, frustrados, por falta de um parceiro, de um ombro,
de um abraço, de um sinal de existência ou mesmo de um pequeno gesto de amor.

Em outros momentos e por
repetidas vezes, já direcionei o meu foco para este tema, não por ser
conhecedor de coisa alguma, mas por querer contribuir, despertar e por letras,
errôneas que sejam na figura dos que já sabem, mas preciosas para quem se
preocupa com o outro e não concebe distância aos que se amam.  Ih, alguém bateu à porta, devo abraçá-lo!