Arari no poema imperfeito e incompleto

Arari
no poema

imperfeito
e incompleto

 

Eu
vi em Arari

Vi
pororoca chegar

Vi
melancia amadurecer

Vi
‘tacuruba’ chegar

Vi
Dico Prazer vender

Ouvi
carneiro berrar

Sentir
a lama das ruas me enlamear

Ouvi
e vi Fufu aboiar

Ouvi
Agenor cantar

Contemplei
roseira de tia Rosinha brotar

Exalei
o amor de Nazir a dissipar

Vi
seu Jorge Oliveira curar

Vi
e presenciei Tonico Santos medicar

Sentir
João Pires aplicar

Saboreei
o pão de Zé Ericeira

Vi
seus filhos educar

Fui
e voltei à me lembrar

Comprei
no Totó Vale e recebi a bênção de dona Dinoca

Corri
para o comércio de Aduzinda

Vi
Seu Balbino Machado prosear

Ouvi
Raimundo Ericeira a gargalhar

Ouvi
Code e Juca vindo de pescar

Vi
Pedro de Aprígio e Afonso Pires chegarem da caça

Deste
eu sei muitas ‘estórias’ contar

Sentir
o amor de dona Cotinha a exalar

Vi
seus netos nascerem

Vi
Tuna e Fernando de Marajá tarrafear

Li
poema de Zé Maria a me encantar

Li
também João Batalha e Zé Fernandes

Empinei
pipas com Ataúfo

Um
boêmio que Deus levou para no céu morar

Sentir
na pele a epiderme da corrupção neste lugar

Vi
lavandeiras a lavar

Em
água suja cansei de banhar

Pesquei
de tarrafa, corda e caniço

De
uma coisa eu sei e vivo a me vislumbrar

Que
Arari é o lugar que Deus me deu para amar

 Nilson
Ericeira