Com o resto da tinta

Penso
que ainda nas minhas veias correm um sangue vermelho

Às
vezes amarelam

Estou
verde de vergonha de alguns de vocês

Por
vezes vermelho de raiva

É
que trava no peito o sangue vermelho


uma mistura lá dentro de mim

Ao
ponto de nem saber mais qual é cor

Talvez
a cor do desamor

Outras
vezes olho para o céu azul

E
logo percebo que aqui está cinzento demais

Nuvens
escuras me têm dado contorno

Absorto
e confuso não vejo saídas

Mas
não me engano eu já não tenho mais cor

Por
isso nem adianta pensar em desenhar

Nem
mesmo estou num pedaço de qualquer lugar

Custa-me
acreditar no preço do pecado antes da partida

Pois
se é indexo ao corpo

Talvez
melhor seria uma cruz e coroa de espinhos

Pois
confuso estou, ao ponto de não mais me reconhecer

A
tal ponto de analogias díspares e baratas

Ainda
bem que ainda sei que o barato da vida é o amor

Por
isso, onde eu for, seja de que cor for

Vou
misturar as tintas de mim

 Nilson
Ericeira