O mutante

O
homem aparece

Acontece,
vive e envelhece

Traz
consigo amores devidos

Outros
nem tanto assim

O
homem chora, lamenta e rompe

Barreiras,
obstáculos que parecem sem fim

Nasce,
cresce, some…

O
homem deixa pegadas

Foge,
apresentasse, omite-se

Transmuta,
camufla, admira-se

O
homem vive em panaceia

Mistura-se,
confunde-se, alimenta-se

Envenena-se,
oxigena-se, contamina-se

É
bicho que devora o homem

Tece
o tecido da vida

Às
vezes enrosca-se, destrói-se

Padece,
sofre, derrama…

Abraça,
acolhe, solidariza-se

Sobra
em si mesmo na sua arrogância

Sobra
no acolher

No
dizer, no amar, no fazer

Transfere,
aceita, mente, desdiz

É
narciso de seu próprio espelho

Se
agarra, se mata, se afoga

Ainda
assim, vive

 Nilson
Ericeira