Ecos e ecos…

Alude
no meu peito a voz

A
voz que quer afrouxar

Desabrochar
e sair da caverna

Alude
sair da caverna

Aludem
as denúncias

Represas
que não se podem acumular

Alude
a voz dos excluídos
Do sem chão, sem pão, sem dons…

Tão
vulneráveis à persuasão de hipócritas

Alude
a minha voz e se faz ecos

Ecos,
ecos, ecos, ecos de nós

Alude
a pauta do dia

O
noticiário da manhã

E
começo de noite

Então,
dá-me um sono tranquilo

Mas
não se despeça de meus ecos

Pois
a reprodução do que sinto

Ah,
se eu não fosse tão rude

E
taciturno, te poria em sons

E
faria canções de alcance

Te
poria em tintas

Do
meu coração

Então
te daria o céu colorido de mim

Com
as cores do meu amor: espectro!

Profusão!

Não,
mistura…

E
se no teu coração não penetrasse

Na
tua alma provavelmente tomaria carona

E
seria um vaga-lume daquela porta

A
andorinha do crucifixo

O
beijo adolescente

O
abraço do edifico

Último
a sentir o vento

A
expressão do verbo

E
num tempo de espera,

Te
esperaria

Alude-me
em vozes

Pois
por justiça clamo

Pois
das cavernas de que avistei

Uma
delas sem saídas

A
da corrupção

Então,
alude-me, alude-me…

 Nilson
Ericeira