Dor do indizível

A minha
dor

Nem
sempre dói na carne

Mas na
alma e no coração

Na alma
se aquieta

No
coração se abriga

No peito
sangra

Nos
olhos ofusca

A minha
dor é invisível

Não traz
cicatrizes amostra

Não se
abre em aparentes feridas

Pois na
alma

É no
coração

É a
incompletude

A insipiência

E
inabilidade na convivência humana

O desprezo
pela ignorância

Parece uma
até uma demência

Mas é
dor

Melhor
seria um andor

Bem melhor
não senti-la

Talvez menos
me pesaria

É fardo

A minha
dor dói

Mas não
há gemidos

Inquietudes

E se eu
contasse!

Lágrimas
seriam rochas no deserto

Ou águas
de um rio perene

Ou cristas
que dissipam com o vento

O
tempo…

É que
sou de carne, pele e ossos

E
sentimentos…

Mas a
minha epiderme é de alma

Não sei
me tratar

Talvez
retratar

Mas por
que a sangra do mundo dói em mim

Então, é
ardor do infinito

A dor do
indizível

 Nilson Ericeira