Eu insensível II

Parado, estático

Deixando a vida levar

Porém sentindo as agruras dela

Quase nu, despido, sentindo…

Adormecido depois de viagens e ilações

Quase uma tempestade sem fim

A calmaria desejada

Longe e perto

Equidistante de si mesmo

Inaudível e esperto

Um produtor de notas do mundo

Mudo, calado, silencioso

A injustiça passará

Assim como o tempo

Os pássaros, a luz, a escuridão, as coisas

Mesmo em dígitos elétricos

Em solidão

Carente de abraços

Do teu olhar

Do teu dizer: dizeres

De algo que acomode a minha alma

E devolva a paz do meu coração

Se eu te ferir

Foi sem dolo, sem culpa, sem ação

Talvez por omissão

Oh ser que ser insensível!

Por isso a espera é a aflição dos dias

Das horas, dos segundos e frações do tempo

    Nilson Ericeira