Ávida vida

Por
que me tens rondado

Se
quero apenas viver

Deixe-me

Se
contigo não fiz pacto

E
se rompi a fome e a miséria

Ainda
assim tive insumos de amor

O
que me foi semeado, brotou!

Mesmo
que com o retinir do martelo

E
os berros do meu velho a me corrigir

Com
a barriga roncando

Aqui
estou, livre, mas nem totalmente

Amarras
da ditadura que antes abominavam

Agora,
com almas de salvar o mundo

Acho
que sou mesmo um insano

Pois
me esquece mesmo que seja por um tempo

Pois
broto meu quer boia na vida

Uma
vez que somos uns náufragos

E,
eu, mesmo feito Dom Casmurro,

para
alguma coisa ainda me tenho serventia

Mas
se eu ando meio triste

Não
é por culpa minha

Tenha
certeza, não é comigo

Não
vivo a prolatar sentenças

Muito
mesmos ainda, condeno

Nem
escancaro a minha bocarra aos falsos

Pois
me pudor me sobra

Mas
sei que o mundo não é plano

Que
a vida é vida e a morte não é o fim

E
que o Deus que busco me tem passado longe de prédios

De
clamores, rumores, reuniões, bestialidades…

Bom,
bom mesmo é ficar quieto

   Nilson
Ericeira