Se eu morrer

Não
me despedirei

Ficarei,
serei mais poemas

Agruras,
misturas de mim com os outros

Felicidades
dos momentos,

cimentos
que me fizeram

E
do que não se fez…

Serei
o tempo noutro tempo

Orando,
estático, dinâmico

Serei
só o peso do meu peso

Pecado,

Amado,

Amargo…

Serei
um peso só

Serei

Serei
o sol no teu corpo a tocar

O
brio dos olhos dela

Serei
voz e silêncio

A
voz do coração que não quis escutar

Serei
o silêncio do tempo,

em
tempo inteiro

E
o aparte mais sublime

Do
beijo que não se queria apartar!

Do
abraço que não se permitia desabraçar

E
ali, como se não escutara

Descansando
do fardo que não me ajudaste a carregar

Explicações,
confabulações de ti contigo

Enquanto
meu corpo jaz!

E,
em passagens, no que estou, estive, estarei

Mas
sempre estarei na folha virgem

e
sedenta por letras

Por
tintas, vernizes…

E
fui: me levem…

  Nilson Ericeira