“Melancieiro”

Em águas
doces

Em
fartas lamas na beira do rio

Em ruas
que são avenidas em mim

Adociquei-me
no sulco de frutas virgens

Salguei-me
no tempero do amor

Hoje sou
de lá e das bandas daqui

Sou de
Arari

Sou a
água que desce

O mururu
indiferente

Água
corrente do Mearim

Sou o
meu amor em preamar

E
lanceiro de um amor sem igual

Sou do
melancial

Trago
frutas virgens

Por isso
estou a entregar

Entrego
todos os dias o que Deus me deu para amar

Então
vou contemplar flor de algodão

E
irrigar este amor no coração

Um
pedaço para mim, um pra tu, outro pra eu

E,
assim, vou me adocicando com o açúcar da vida

E me
temperando com o sal de amar

 Nilson
Ericeira