Um prisioneiro da aurora

Eu
me prendi em versos

Em
tábuas rasas

Ou
em fontes

Preso
estou pela liberdade que busco

E
ainda nem contei tudo

Certamente
não contarei

Em
versos presos em mim me aprisiono e me liberto

Ganho
asas, busco liberdade

É,
eu me prendi em versos

Versos
pobres e incompletos

Mas
que deles me alimento

Assim
versarei a minha vida

Para
antes, agora e depois

Aqui
e ali encontro alguém que cria plumas

E,
assim como eu, voa…

Vai
buscar saudade

Pinta
o mundo e cria estações

Vai
ao céu e desce a terra

Segura
nuvens

Estaciona
o tempo

É
presente, futuro e pretérito

Ainda
assim, sente-se prisioneiro de si mesmo

Enquanto
não abro a minha cela

Vou
contando versos e criando cenas

Por
vezes em preto em branco

Noutras,
só no meu próprio espelho

E
em tantas, reflexos

O
colorido está em cada um e nas coisas

Do
que sou e do que não sou

O
certo é que sou incompleto

 

Nilson Ericeira