Palavras vivas

Passantes,
oferecidas

Prostitutas,
benditas

A minha
face poética é assim

Nas logo
pela manhã aparece

Mais
tarde, caminha…

Dá as
mãos, faz correntes

Amadurece
e floresce

Elos da
multiplicação

Mais
tarde, nasce outra vez

Morre e
ressuscita

Esmerila-se
e engatinha

Arrasta-se,
anda e corre…

Alcança
e desiste

É o
correto e a contradição

Traz o
que diz e o que nega o coração

À noite,
implode!

Sai do
peito com toda exaltação

Logo
ver-se folha caída, despercebida

Rola e
vai, por vezes aduba

Noutras
não cria limo

Assim é
o eu poético

Egoísta
demais

Solidário
eficaz

De tudo
quer se apoderar

E a tudo
renuncia

Assim é
a minha poesia

Contas às
horas para o tempo passar

Contabiliza
os segundos para te ver

Critica
a internet e desliga a tv

Folheia folhas
limpas

Dá asas
a um corpo pelado

E até voa…

Sai de
si

E toca
no céu


brilho as estrelas

Põe cor
no céu

Veste-se
de arco-íris

Viaja em
mares

Busca
amares…

Arrebenta
a palavra no peito

Que
feito onda vai e volta

Até o
banzeiro passar

Abraça-te
e de ti não quer mais largar

Uma hora
some, noutra em aparições

Mas há sempre
palavras vivas lá dentro do meu coração

 Nilson
Ericeira