Um dia
alguém perguntou em tom de brincadeira por que o porco anda de cara baixa? A
resposta veio logo em seguida, porque tem vergonha da mãe dele que é porca.
É
obvio que na pocilga é lugar de porco, mas é habitada também por outros animais,
comensais, roedores ou mesmo hematófagos, carnívoras, sempre expiados por
hienas e urubus.
Urubu
o fato é meu! O fato é meu!
Mas
essa convivência nem sempre é harmônica, principalmente quando envolve o que
cada um pode comer, como podem se alimentar e no que podem se dá bem.
Num
dado momento na pocilga, os animais irracionais questionam sobre a posição
social de cada um, como pode ser dividido o bolo, se estão sendo explorados ou
não! Caso você tenha pensado na “Revolução dos Bichos”, de George Worwell, pensou
bem, pois Ócio e Néscio andam lendo uma série de livros indicados por um
sujeito que se autodenomina ‘Couth’, mas o seu serviço mesmo é levar e trazer
informações, fuxicos e maldades e, quando o fato não existe, ele inventa. Oh
sujeito inteligente.
Uma
vara de pescar, uma ‘tarrafinha’ ou mesmo um cutelo ele não quer. Mas as suas
mirabolantes ideias e conversas não andam com nexos…
_ Inteligente
mesmo, disse Ócio, com ar de inveja. Como eu queria ser ele: nada faz, vive de
contar estórias…
_ Inteligente
que nada, vai ver que não ganha é nada, retribuiu Néscio.
E
prosseguiram naquela prosa com a dúvida se quem vive de levar e trazer fofocas
tem salário!
_ Tem!
_ Não
tem!
_ Ora,
se puxar saco valer mais do que os nossos negócios, é melhor mudar de ramo.
_ Vai
ver que não ganha é nada, tem gente que se sujeita a tudo, finalizou Néscio.
E,
assim, passaram-se as horas e, quando se deram conta, já estavam escurecendo. Aos
poucos a imagem do Palácio das hienas ia se perdendo de vista, confundindo-os
com o banzeiro manso das águas do majestoso. Enquanto isso, os porcos discutiam
o novo estatuto da pocilga.
Como o
velho Jones, Ócio e Néscio começaram a coçar a cabeça com o ronco dos porcos,
arrumação e cochichos que, do mesmo modo que as pessoas de extrema contrição, ficam
falando em línguas estranhas.
No
final, ficou a dúvida se porco é gente ou se gente é porco. Mas mal sabem as
personagens que o seu reino logo poderá ser ameaçado com a evolução da espécie
e sabedoria dos porcos.
Então Ócio e Néscio ensaiam
uma canção dos seus tempos de criança:
_ Côfo de milho onde tu vais?
_ Onde tu
vais? Oh martins!
_ Comprar
chapéu, côfo de milho comprar chapéu!
_ Oh martins!
Resumo
da obra, da mesma forma que a obra de inspiração, cada animal tem a sua função,
capitão, advogado, general, oradores, cavalos, burros, etc.
Peixinho
moquém!
Próximo
episódio: Ócio e Néscio vivem no mundo da lua!
Olê, olê, olá, eu chego lá!
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