Escárnio ou sepulcro

Uma certa palidez 

Homens sem cara

Pela metade

Uma que se apresenta

Outra que se assenta

Uma que aparenta

Outra que nega a parentalha

O homem fede ou o homem cheira

Depende de quais circunstâncias!

Pobres homens que vivem do germe do outro

Que se alimentam de verbas públicas

Que se lambuza de sangue e ainda desdenha

Imita e patrocina a morte

Ainda tem uns coitados que lhe exaltam!

Carne-fi-ci-na!

Oficina da morte

Verbas volumosas

Armas de satanás,

instrumentos do demo

Pobre vida, que só têm alimento para os dígitos

Feridos, ainda assim proclamam

Minto, minto, mito, mito!

Olhai por nós!

Se nos resta à morte

Somos uns sem sorte

Ou sem cérebro, pois masoquistas

Rimos de nós, dos nossos, pais, filho e avós

Ri de si mesmo é desdém do inferno

Pois alegrar-se da dor e se condoer em ossos

Ossos podres, ou melhor, olhos sem sentidos

Vida descabida e sem nexos

Pois proclamar-se à selva!

Bichos imundos, moribundos

Deixem-me viver

  Nilson
Ericeira