Episódio: Ócio e Néscio vivem no mundo da lua!

                              Ócio e Néscio vivem no mundo da lua!

Sei
não, sei não oh. Sei lá.  Mas quem bem
avisa amigo é. As duas personagens parecem em transe! Parecem não falar coisa
com coisa. Já até criaram o verbo ‘coisar’.

Coisa
eu, coisa tu, coisa eu de novo, coisamos só pra nós dois… Só nós dois. Um pra
ti, um para mim, um pra eu.

Eu
vou eu vou, pra floresta agora eu vou! Tra lá lá, lá. Alguém poderia até
imaginar que este episódio se desenrolaria numa floresta encantada, ou mesmo
num ninho de serpentes, mas não é, pois do mesmo modo que Neil Armistrong, Buzz  Aldrin e Michael Collins, os danadinhos Ócio
e Néscio, agora querem uma aventura espacial! Para tanto, estão pensando em se
desfazerem das suas balsas ancoradas no porto do Porte fólio, de algumas
máquinas, incluindo motos, carro, caretas, postos de gasolina, fábricas de sal,
açúcar e óleo de peroba, galinhas periquitos e papagaios e toda bugiganga para
comprarem uma passagem rumo à Lua. Isso mesmo, querem imitar a proeza dos
astronautas nos anos 60, em que, americanos e soviéticos disputavam a corrida
ao espaço!

Tipo
cebolinha, personagem de revista em quadrinhos, de Maurício de Sousa, que disse
a mãe dele que iria ‘pla lua’. “Mãããeee… vou pla lua!!!” (quando na realidade
, deveria ir para a rua). Mas não é contos de fadas e nem estórias para boi
dormir e, sim, realidade e ficção no mesmo chão aquoso da Baixada Maranhense.
Lugar quente e úmido. Agora está mais quente ainda, pois os blocos já estão nas
ruas.

E
onde está o dinheiro!

Não,
eles não usaram o Apolo 11, eles poderão até falar com o senhor Apoles para
lhes acompanharem no que chamam de missão do Apolo 12.

E
assim confabularam:

_
Cara, a vida aqui tá muito monótona, nem onça, nem nada! Nem no rolê me divirto
mais!

_
Não esmorece meu irmão, logo novos editais, etc e edi-tais, tais e coisa!  E, então, quem sabe nem precisemos vender
nosso patrimônio, conseguido com tanto sacrifício.  Respondera Néscio com um tom mais animador.
_ Cara, nunca mais passou nem mururu no rio, até aracu está em extinção, o
lixão tá de novo cheio de lixo, e a eleição local ainda tá longe! Pondera Ócio
no seu limite de indignação e consternação. E estava quase deprê.

_
Meu, meu… tu me deste uma ideia genial, passa lá com as caçambas e faz uma
boa ação! Leva tudo dali pra bem longe, mas antes passa e compra um ‘espanta
urubu’, pois senão os bichinhos carregam até as caçambas.  E não deixa de apresentar um projeto para
isso. Néscio expôs a sua ideia mirabolante que deu até água nos olhos, ou
melhor, cifrões. R$,R$,R$…

Enquanto
isso, no Palácio dos urubus! Xengo, xengo o fato é meu!

Ciranda Cirandinha, vamos todos cirandar – Eu atirei o
pau no gato, to-tô.

Assim,
os dois almofadinhas estão planejando fazerem uma viagem espacial no
‘aeroxengo’. E saírem do marasmo que a cidade pequena do interior causa. E o
tédio da vida fácil e da ostentação.

A
data da decolagem ainda é imprevisível, pois sabe como, apesar do avanço
científico, todo o cuidado é pouco.

E,
assim, com ilusão do navio negreiro, na prôa da embarcação, gritam: “Deus ó
Deus onde estás que não respondes, há mil anos mandei meu grito”! Mas o que
eles não escondem mesmo é a desfaçatez, a ganância, a gula e de ‘deus’. Um Deus
do impossível, salvar almas condenadas no purgatório da mentira.

Bom
barquinho, bom barquinho passará, passar…

 Próximo
episódio: Da lanterna ao candeeiro, Ócio e Néscio em dias nostálgicos.