Sonho cativo

Vivo
querendo administrar meus sonhos

Sonâmbulo
sonho andante e passante

Passageiro
que sou na passagem do tempo

Ando
andando meio triste

O
mundo hediondo devora seres

Quanto
mais insubordinado mais fiel ao espírito

Uma
gente besta que acha que o mundo é besta

Outras
se fazem de tola para comer do bolo

Enquanto
levam tudo de nós

Até
a nossa dignidade está ameaçada

Nem
se importam quantos morrem

E
por que morrem

Melhor
seria ser do lado deles

Pois
que não o é, não presta

Imprestáveis
homens lobos

Que
sobrevivem da carne alheia

E
alheiam gerações ao ócio

E
tome ilusão

Não,
não é sonho, é frustração

Ainda
que reconheçam quem não merece

Poderia
até não ignorar o tempo da história

Pois
o fanatismo cega e obscurece quem se deixa levar

Ainda
que em níqueis ou ouro

Na
mira um poder duradouro

Mesmo
que da boca só asneiras

Não
lhes faltam aplausos

O
sonho cativo nasce sem asas e pés

Pois
há muito, preso

Então,
não se mire nos vitrais da casa do fundo

Pois
moribundos homens com suas falácias

Daqui
sinto o odor de enxofre

Inala
dali fedentina pura

Pobres
sonhos

 Nilson
Ericeira