Maromba

E num
cantinho de mim!

Sou do
verso, aliás,

do
avesso

Avesso a
tantas coisas

Por
isso, por vezes,

omisso

Com
isso, o compromisso

Pois
viver sem fazer verso não é viver

É
descaminhar…

Na
maromba, no ‘bequinho’

No
quartinho escuro

Ele está
atrás da porta

Da
‘meançaba’

Vivia a
buscar tecidos…

Muito eu
perdi pelos caminhos

Acho que
sou um artesão desde pequeno

É que
vivo a engendrar

Aliás,
estatura não tenho

Por
isso, aqui estou,

Buscando
pontos, tecendo linhas…

Fazendo
malhas

Embaralhando-me,
embaraçando-me, fazendo e desfazendo

Buscando
os fios, fazendo nós…

Nós!

É que
nem sempre me compreendo

Compreendem-me

Então
vou aqui seguindo esticando letras

Buscando
o inverso de mim

Mas
estou em mim

Em
permanentes diálogos

Se eu
sair, esperem que eu volto!

Envolto
de letras, versos e tecidos

Por
sinal preciso me cobrir

Mas
nunca me encobrirei

Discreto,
aqui estou!

Tecendo
malhas, buscando fios, fazendo nós

 

Nilson
Ericeira