Desidratei, desamei, desumanizei…

Hoje o
meu eu me devora


Lá fora homens maus maquinam

Discursam
com eloquência

Eu, um
demente, não consigo entender

Fazem
caras e bocas, gestos com as mãos

Mas me
ferem de morte e esterilizam o meu coração

Dentro
de mim algo me consome

Acho que
são fomes

Se os
Poderes não funcionam

Apodrecemos,
somos uns indigentes

E ainda
nos apelidam de patriotas

Há gente
na fila pois a única opção é morrer

Antes
precisa passar pela flagelação

Ah meu
irmão não largue a minha mão!

Preciso
de um país para chamar de Nação

Dentro
de mim há bichos que me devoram

Lá fora
imploro por um pedaço de pão

Hoje eu
pensei que algo que não combina

Dizer o
que faz e o que não faz é quase mentira

Já estou
indo embora depressa,

pois
anunciam lá fora a salvação

Vou
escorrer os meus bolsos pra ver se sobrou algum tostão

Nilson
Ericeira