Acho que
parte do mundo é assim
Têm dias
que nos sentimos cheios até a tampa
E em
outros, vazios completamente
No vazio,
vamos nos enchendo aos poucos
Nos dias
de nossas vidas, há um esvaziar e encher constantes
Por vezes
nos sentimos cheios de tudo e vazios do nada
Ao fugaz
tempo de espera, à ânsia da chegada
Na
partida, a dor no peito sangra
Os olhos
enchem, o céu obscurece, o corpo adoece
Ah
saudade de enchente!
E
vazante!
Saudade de
gente!
E se não
fosse a nossa capacidade de encher e esvaziar tão naturalmente
Acho que
de outras mortes padeceríamos
É o enche
e vaza da vida que nos compomos e recompomos
E assim,
reconstituímos partes e integramos o nosso todo
Ainda
assim, há partes de nós que nos faltam e outras que sobram
Assim
passamos os nossos dias
Hora nos
sentindo vazios
Em
outras, contemplados no amor
É que todos
nós precisamos de braços que abraçam
Àqueles
abraços!
De bocas
que beijam e de corações sensíveis
Pois
devemos adubar o nosso ser de amor
Então,
sempre precisaremos de gente para nos encher e esvaziar
É que a
vida é feita de gente
Ericeira
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