O
preço do feijão,
Da
gasolina, do arroz e do pão
Agora
cabem no poema
O
fuzil, a violência, a descrença, um deus fajuto
E
uns fanáticos também cabem no poema
Pois
sobram fora das quatro linhas
A
afeição, o afeto, o amor!
Isto
cabe no coração e no poema
O
preço da carne, a cesta básica, o desemprego
Compõem
o poema do dia a dia do poeta, da dona de casa,
De
uma gente sem teto, sem esperança, sem chão e sem vida!
Pois
a indiferença, esta não cabe no poema
Senhores,
o poema está mudo, o coração sangra, a dor nos aflige
Pasmem,
mas ainda há os que aplaudem!
E
glorificam um besteirol de todos os dias
Por
isso, não descansemos, lutemos
Pois
o preço da apolítica acarreta noutras contas
Então,
a politização das relações, o credo, a fé
Ainda
há esperança, então não sangrem o poema
É
que o poeta está de luto
Nilson
Ericeira
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