Papel de embrulho

 Vi-me
em cenas, bem menino ainda

Em
mundos lúdicos ou em transição

Com
a mochila da vida cheia de sonhos e viagens

Àquela
menina com seu olhar fascinante

Dizia-me
no olhar o que era o amor

E
os porquês e incógnitas de que eu não sabia

Que
apenas, cabiam lá dentro do meu coração

Pus-me
então, a produzir versos nuns papeis dispostos

Pedaços
de mim expostos ao tempo…

Que
me fazia mapear coração em crise

E,
assim, a vida se fez em mim

Nasciam
os primeiros impulsos da transição da vida

Coisas
do baú do meu coração

Mas
em letras postas a conquistei para sempre

Igual
sementes em maturação

A
vida em todas as estações

Passarinhos
que ficam e os que se mudam

O
amor que transmuda

Àqueles
primeiros versos se assentaram em folhas de papel de embrulho

Em
vez de mercadoria, a profecia de um amor único

Fantasias
que se moldaram e deram voz a sentimentos

E,
também, deram faces a tantas faces que o amor me fez

Agora,
lembro-me da bela menina com seus tons de amor

Seus
vestidos em cores que me saltavam aos olhos

E
seus passos de fada fazendo caminhos em mim

Assim,
abriguei palavras em papeis de embrulho até que outros versos emanassem de mim

Um
dia, reencontrei minhas primeiras letras

Num
canto qualquer de mim

E,
despretensiosamente, olhando coisas, revolvendo sentimentos


estava, num cantinho da vida, mesmo todo amassado, em papel de embrulho,

Versos
meus que versaram meu amor por ti

 Nilson
Ericeira