Pregaram-me na cruz
Não bastou
Não cessou o ódio
Não exterminou o pecado
Continuam colocando prego em minhas mãos
Cravam-me em ódio estético
Agora, coroas de espinhos
Não apenas batem no meu rosto
Dilaceram meu corpo
E propagandeiam
Cientes que eu estou desfalecido
Bebem o meu sangue
E levam o pão dos justos
Sonegam o peixe
E desabrigam os meus filhos
E me deixam no desalento
Mas em banquetes!
Mentem a meu respeito
E colorem as minhas vestes conforme a conveniência
Mas me deixam nu à deriva
Naquele dia me deixaram em meio a um ladrão
Agora são muitos
Ainda que com status de poderosos
Mas apodrecem
Os tempos mudaram,
O ódio tem sido alimento de irascíveis
Usam o meu templo para santificar demônios
Umas bestas com seguidores
Pai, sangra o meu corpo
Minha pele queima
E o meu semblante é triste
Chegará o dia em que todas as pedras se removerão
E os justos de coração serão exaltados
Nilson Ericeira
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