Ah meu pé de ferro!
Meu afiador.
Minha torquês.
Minha agulha fina.
E corta-bico.
Meu debrum.
O sustento de uns meninos.
Meu alicate.
Arestes pra todos os gostos.
E cola de sapateiro.
Com grude de goma.
Meu tabuleiro velho.
Meu parceiro, meu amor…
Meu calçado de couro.
Verniz do meu coração.
Transcendência do meu ser.
Repouso da minha alma.
O que tilinta em minha cabeça.
Martelo velho, martelinhos…
E o velho pôncio!
Um ferro de bico.
Um arrebite, umas travas…
Draga-me a máquina esquerda.
Uns pontos do meu coração!
Nilson Ericeira
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