Hoje nem
havia amanhecido,
havia
escuridão
Aos
poucos,
O tempo
estava fechado,
fui
clareando meu ser
Não sei
precisar se era noite ou dia
Ou se as
emendas de dia e noite me completaram
Ou se
minhas partes se acharam
Acho que
incompletudes me tomam
Longe de
mim estou
Assim
meu ser me procura em mim
Alagado
estou, numa paradoxal disputa entre o eu poeta
e o ser
racional
Por
vezes penso não ser normal,
fugir de
mim e me procurar
É que injustiça
do mundo me incomoda
Em que
pese o horror do sangue de inocentes
O que
devem as crianças para pagarem as contas da ganância
Há muito
vivendo tempos hediondos
Fico
horas e horas do dia e da noite procurando respostas
Como não
encontro em mim,
saio do
ser e penetro na alma igual a um vaga-lume sem rumo
Um
alento para minha pequenez
Talvez
por isso, definhe no tempo
E aos
poucos estou me indo sem largar das minhas mãos
Em
outros lugares, que não me sejam dadas fadas cruzes
E, quem
sabe, ser um ser de asas
Mas como
tudo é incerto,
em mim
não há preferências
Ericeira
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