O meu estado obscuro

Hoje nem
havia amanhecido,

havia
escuridão

Aos
poucos,

O tempo
estava fechado,

fui
clareando meu ser

Não sei
precisar se era noite ou dia

Ou se as
emendas de dia e noite me completaram

Ou se
minhas partes se acharam

Acho que
incompletudes me tomam

Longe de
mim estou

Assim
meu ser me procura em mim

Alagado
estou, numa paradoxal disputa entre o eu poeta

e o ser
racional

Por
vezes penso não ser normal,

fugir de
mim e me procurar

É que injustiça
do mundo me incomoda

Em que
pese o horror do sangue de inocentes

O que
devem as crianças para pagarem as contas da ganância

Há muito
vivendo tempos hediondos

Fico
horas e horas do dia e da noite procurando respostas

Como não
encontro em mim,

saio do
ser e penetro na alma igual a um vaga-lume sem rumo

Um
alento para minha pequenez

Talvez
por isso, definhe no tempo

E aos
poucos estou me indo sem largar das minhas mãos

Em
outros lugares, que não me sejam dadas fadas cruzes

E, quem
sabe, ser um ser de asas

Mas como
tudo é incerto,

em mim
não há preferências

 Nilson
Ericeira