Posto-me
a ira
A
ira do irascível
Pois mais bela que seja a vestimenta
Apenas
indumentária de maldades
Na
flagrância um odor ‘putrefático’
Escore
em limo verde, sangue humano
Às
víscera de uma pobreza produzida
Azeitada
pela suposta ‘demo-cracia’
Que
de demo só tem o nome
Travestidos
de demônios
Dói
muito ver gente morrendo à deriva
A
deus dará
Então
Senhor, tende piedade dos que dependem
Dependem
de uma cesta básica
Que
por vezes só chega na última sexta do mês
Ou
do ano, salvo engano
Enquanto
engrossa a conta dos hipócritas
Afina
o sangue dos pobres
Pobre
de nós que confiamos, endeusamos, votamos…
Chama
à ambulância
Pois
o piso está sujo de vermes
E
o nosso sangue em cotas
Cotas
da ilusão crescente
Que
pra essa gente ainda tem jeito
Deformação,
inanição, ilusão
Nestes
dias eu vi tantos os urubus
Vi
que não estão em extinção
Lá
e cá a sobrevoar…
Nilson
Ericeira
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