Sou um nordestino de Arari

Experimentei dos dois
gumes da desigualdade: fui muito pobre e analfabeto funcional. Penso que as
nossas diferenças não nos fazem menores em absolutamente nada.

Nasci na Rua Franca em
Arari, pertencente ao Maranhão, portanto um brasileiro.

A ofensa simples e pura, já
é uma brutalidade, quando se atinge uma população, não é só brutalidade e falta
de respeito, mas ato de desumanidade.

Separar as pessoas por
quaisquer motivos ou diferenças é renegar, desprezar, não fazer questão do
apoio.

Não me imagino elevando ou
ratificando o poder de quem me despreza, tratar-me com desrespeito e
desumanidade, mesmo que o nome de ‘jesus’ seja colorido com a hipocrisia dos fascistas.

Sou um arariense, maranhense,
brasileiro de Arari. E sei que não são boas as condições sociais de grande
parte de nossa gente. O nosso grau de analfabetismo não é só culpa nossa, do
mesmo modo que nossas diferenças sociais foram patrocinadas ao longo dos anos
por desvios de recursos e desprezo, entre outras mazelas, mas não herdamos a
ignorância como legado. Pelo contrário, somos gente igual, com diferenças
naturais e regionais de nosso Brasil único e de todos, por isso mesmo uma
Nação.  

Separa-nos por nossas
diferenças deveria ser, de quem nos enxerga assim, equivalentes a dispensar
nossos votos, pois temos consciência que somos ‘uns analfabetos’ e pobres que
emprestamos ao Brasil grandes nomes de que muito nos orgulhamos.

Nossa luta não é a favor
do preconceito, da separação entre as pessoas, do desrespeito às religiões, do
fanatismo e cegueira, mas a luta é contra as desigualdades regionais. Isto não
nos importa, nosso jeito de ser é o nosso jeito de ser, por isso mesmo único,
mas um brasileiro entre milhões.

Abaixo o preconceito, viva
a integração e união do povo brasileiro!