Meus contos prolixos

Não
me surpreendo comigo

Sempre
fui arrastado

Prolixo,
vazio, pequeno, fraco e insolente

Mas
umas mãos e mentes me ajudaram

Corações
generosos me acolheram

Ainda
bem,

Pois
vivo a desafiar meu próprio estado

Sair
do funil que me impuseram

Não
quis ser mais uma cobaia

Sei
que sei que escrevo coisas que não servem

Imprestáveis,
indeléveis só para mim

Porém,
isto me alimenta

A
minha prolixidade não é intencional

Inata,
de origem

Começo,
meio e fim…

Ainda
assim, crio caminhos

Trago
mundos

Supero
obstáculos

Deixo
pegadas

Algumas
logo apagam

O
vento leva, o tempo consomem

Outras,
deixo em mim

Sangram
o peito,

abrem
veredas

Assim
me defino, mutável

Mutilado
eu sou pelo mundo exterior

Mas
no meu interior, falas

No
meu ser, gritos

Assim,
ecos de mim

 

Nilson Ericeira