A fonte
Fui e vim da fonte
Bebi dela
Bebi na fonte dela
Inspirações que deram a vida
Mas a fonte secou!
Não sei mais o caminho
Perdi espaços no ninho
Meu coração, ventanias
Meu ser, passarinhos
Dei asas à solidão
Andei, andei…
Nunca cheguei
Há sequidão na minha vida
Vejo-me distante
Além dos ares
Além mares…
Tocando no céu
E viajando com as nuvens
Sem gaivotas e marinheiros
Sem passageiros ou passarinhos
À deriva de mim mesmo
Com o coração enrijecido
Escutando muito além dos sentidos
Cutucando feridas minhas
E pensar que um dia já bebi na bica
Deleitei-me nas bicas da minha vida
Indo à fonte todos os dias
Ah, a fonte!
Vida minha
Agora, desço nos caminhos
No ocaso, vendo o ser se indo…
Esvaindo-me com o tempo apressado
Teimoso em me tornar parasita
Insensato e impensante
Mas com boas lembranças da fonte
Mesmo que com o coração em sequidão
Humedecido pelo amor
Ainda que eu sinta a agruras da vida
Por vezes me alago em lembranças
Revitalizo-me igual um principiante
Porém, distante do que me apeguei e amei intensamente
Agora, a gravura é ferida
Ferida que arde no peito feito punhal cortante
Mas quando a passarada voltar
Orquestrarei, revitalizarei, herdarei então
A fonte cheia de novas estações
E, quem sabe, poderei novamente me iludir comigo mesmo
Acreditando que um ser esquisito como eu
Navega sem velas, sem ‘cara-velas’
Apenas compondo mundos,
pintando o sete
Colorindo e descolorindo a vida
E pondo os tons na medida da minha inspiração
Sem me esquecer dos caminhos que me levam à fonte
Insumos do meu coração
Nilson Ericeira
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