Aquarela II

Eu queria ter a ludicidade das crianças

A maturidade dos idosos

A meação dos adultos

E a humildade dos humanos

Eu misturado de raças,

Mas de humanos

Eu queria ser a idealização com meus
brinquedos

A pureza dos meus segredos

Os conselhos dos mais velhos

E os passos dos adultos

Queria ser o brinquedo e a estrada

O boi e a boiada

Eu queria ser a natureza e a flor

E ser o íntimo dela, ser de essência

Ser o sublime do amor

Eu queria ser o rio silencioso

E encontro incômodo dele com o mar

Eu queria ser a cerca que te guarda e
protege

Mas eu sei que seria a porteira todos
os dias

Só pra te ver ir e voltar

Como eu queria ser o céu!

O trampolim, o avião que vai…

O que volta…

E a nuvem que encobre

A que derrama

O sol que aquece e o que se esconde

Eu queria ser menino outra vez

Só para fazer festas em mim por te ver
chegar

Como eu queria tantas coisas que eu não
posso

Mas de uma coisa eu sei, sou um ser
lúdico

E busco todos os dias os mundos

Feito fios que eu ‘manoplo’

Ah, como eu queria ser a cor de todas
as tintas

E também ser a combinação delas

Eu sei que sou aquarela

Verde, vermelha, amarela, azul e em
preto e em branco

O queira ser menino outra vez

Só para inventar estórias

E outras que eu ouvi meu pai contar

E histórias de todos os dias

Que até passavam fome e frio

Mas eu não sou nada,

Sou apenas um ente entre os presentes

    Nilson Ericeira