Cai
a tarde sobre mim
Anúncios
de ventanias
Tempestades
em fim
Antes,
calmarias
Já
até escuto bem de longe os ruídos do céu do meu corpo
Finjo-me
em surdez
Nudez
e dissimulações
Pois
ainda alimento fantasias
Mesmo
que aos poucos o céu da vida me escurece
Afogo-me
em mim mesmo
Em
águas crescentes de angústia
Lágrimas
em rochas ressequidas pelo tempo
Trovejos
e relampejos
Assim
riscam em raios o meu céu tão escuro
E
velejo à deriva no tempo
Escombros
de mim habitam
Cético
que sou pelo amor
Pelo
e por amor de quem verdadeira amei!
Pois
ainda sinto uma dor assim tão doída na alma
Ao
ponto de me por em estado de emergência
Pois
de coração gélido
Corpo
esquálido
Membros
bambos
Olhos
turvos
Ouvidos
sem audição
Olfato
sem comunicação
Respiração
sem ar…
Ainda
bem que minha alma incerta
Vaga
feito vaga-lume no cio
Em
noite e noites de espera
Ah
céus dos meus dias!
Dias
felizes da minha contabilização
Por
que passaram?
Nem
mesmo em sinais me deram de despedida
Hoje,
conflitos me dilaceram
Feito
tecido feito em agulha quente
E
pele de um lobo cioso
Em
noites e noites de espera da lua
A
uivar como se em recíprocos ecos
Talvez
por si sós anunciassem a sua própria solidão
Ericeira
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