A cicatriz

A cicatriz

Ainda verte lá no fundo dor e saudade

Embora busque luz na essência do amor

O amor deixado em forma de sementes

A cicatriz encobre-se,

mas vez ou outra, sangra

E enche os meus olhos…

Nos meus monólogos e lembranças

Nos nossos encontros e abraços

Nas gargalhadas do simples

E até do inusitado

Do amor que nos permitíamos

Portanto, agora, feridas…

Cicatrizes de quem ama, amou e amarei

E olha que nem percebíamos o quanto intenso era o nosso amor

Tudo se fazia despretensiosamente

No silêncio do tempo

Na indiferença dos passantes…

Portanto, agora vou levando

Ora dissimulo, ora soluço

A maior das vezes dissimulo

Mas o amor ficou

Fincou e fez-se raiz

Ou melhor, cicatrizes

Nilson Ericeira

Este poema é dedicado aos meus dois saudosos irmãos: poeta PC Ericeira e professora Têca Ericeira. É que o meu amor por eles transcende ao tempo.