Arari em versos de amor eterno II       

Passa a água que passa no rio

Que lava uns pés

E enxuga as mãos

Desce no corpo e produz nosso pão

Que passa da ponte

Que passa na cidade

Que encontra cidades
Passa a água da canoa

E que balança aningas

Que esgota e renova a vida

Que dá vida, traz vida, que cria novas crias

Que dá pão e água…

Que cobre a terra, que molha o chão

De quem busca justiça

Que dobra os joelhos por devoção

E que faz do caldo, unção

Lá vai a tua barquinha até sumindo no horizonte…

Que vai e que fica nos ouvidos

Que agita banzeiros e chama marés

Lá vai a água descendo o rio

Rompendo igarapés

O sol se escondendo

A noite descendo

Que fomenta a flores e estações

De umas cidades, desta cidade do meu coração

Então, ara ali, pois acabou de chover

Cheiro de terra no teu chão

Ara outra vez que eu quero ver flor de melancia

Para outra vez degustar a fruta da terra

Ah minha menina!

Minha cidade!

meu Arari!

Agora já em melhor idade

Minha terra querida és a minha flor de algodão

Lá vai a canoa para onde não sei

Mas leva contigo a esperança de novos pães

Lá vem, lá vem a pororoca para despertar

nosso povo e levantar marés

Tuas águas que sobem e que descem visitam a matriz

Espiam as andorinhas que riscam o teu céu

Escutamos teus sinos em baladas eternas nos corações

Contritas pessoas que bebem tua água

Que se alimentam de peixes e de águas

Que por ti tem devoção

Meara este coração e me permite externar

O que faz águas nos olhos e corações

Oh pátria amada, alimente teus filhos

Para que sempre externem amor consentidos nos corações

Nilson Ericeira

(Robrielle)