Face oculta

Face oculta

Nem tão oculta assim

Há coisas que não falamos nem externamos

As faces ocultas que temos

Coisas só nossas

Diálogos íntimos de nós conosco mesmos

Abstraímos, viajamos aonde o nosso pensamento mandar

Ou melhor, demandar

Vamos buscar quem mora longe

E a colocamos aqui bem pertinho de nós

Como que num egoísmo sentimental

Depois a nave segue e leva de volta

Alaga nosso peito e enche de saudade

A nossa face oculta nos consagra

Dá-nos vida e nos leva para sempre

Faz-nos frutos e sementes

Põe-nos nos jardins da vida

E semeamos assim despretensiosamente

Com a pretensão de quem não deseja

Mas que lá no fundo, o que mais quer é amar

Amar gentes não cria pecados

Pois humanos, e humanas as nossas faces

Ainda que ocultas, transparece em detalhes

O subliminar, por vezes, é essencial

Tão essencial ao ponto de nos dá vida

Assim, face a face, do nosso jeito

Nilson Ericeira

(Robrielle)