Os sabiás da nossa vida ou os sabiás da Fazenda Velha
Era manhã de ‘de vez em quando’
Cantava passarinho na cararaubeira
Eu passarinho em torrão da Fazenda Velha
Nós passarinhos, meninos
Meu avô Pedro repreendia
Com os mandos de um coronel
Mas agia com sapiência
Psiu, não mexam com os sabiás!
Pois o canto deles é lindo de se admirar
Ah saudade da minha infância
Daquelas coisas que não voltam mais
Mas de existência eterna
Pois em memória da minha vida
Lembro da expectativa de vésperas
Era uma festa no interior
Eu sempre queria ouvir as ‘estórias’
Estórias que o velho Pedro contava
O nosso avô, o nosso ‘paizinho’
Era mandão e manso ao mesmo tempo
Generoso, mandão e afável
Sentava-se sempre nos banco do meio da embarcação
Uma canoa de uma peça só
Com corrente e remos pesados
Pesada feito uma mula
Todo o cuidado era pouco,
pois a bicha era ‘do fundo’
Meu pai na popa governava
E seguia às ordens do comandante
Banzeiro batia na prôa
É preciso habilidade, o João Curto é longo
O mesmo Rio de encantos é também perigoso
A pororoca apavora!
Lá vem, lá vem, lá vem…
Lá bem longe escutávamos àquela orquestra
Os sabiás da Fazenda velha!
Que iguais não há
Oh vida, oh saudade!
Saudade de uma dia que não se tem mais
Já é hora de ancorar
Portanto, despeço-me para não chorar
Nilson Ericeira
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